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Artigo: Formação de educadores e a Pedagogia do Caminho

O processo educacional vem sofrendo duros golpes ao longo dos anos, com destaque para o período da pandemia de Covid-19 e isolamento social, que mexeu com as estruturas de ensino, e também com os recentes e repetidos casos de violência nas escolas. Enquanto alunos e professores são vítimas de ataques físicos e violentos, as questões emocionais são relegadas a um segundo plano. Mas é preciso investir na formação de educadores.

E para auxiliar no processo de entendimento deste momento da educação brasileira, o Instituto Promover – Iphac desenvolveu a Pedagogia de Caminho, uma metodologia sistematizada a partir de estudos conduzidos pelo Unicef, com base em achados recentes da neurociência, que orientam uma abordagem socioemocional capaz de preparar crianças, adolescentes e jovens para a autonomia pessoal e para compreenderem os códigos do mundo do empreendedorismo e do trabalho.

Essa metodologia foi testada com adolescentes e educadores durante dois anos. A expressão Pedagogia do Caminho é fruto do entendimento sobre duas necessidades, a do educador, em saber lidar com uma geração que traz comportamentos complexos e, por vezes, imprevisíveis; e a do aluno, em aprender a lidar com suas questões socioemocionais de forma que elas não prejudiquem o desenvolvimento de sua autonomia pessoal.

Uma pesquisa inédita sobre a epidemia da solidão no Brasil, realizada pelo Instituto Opinião, e coordenada pelo escritor Celso Grecco, identificou seus efeitos na saúde mental da população. Ele categorizou a solidão em sete espectros: Inadequação, ou sensação de não pertencer, estar excluído; Abandono, que afeta principalmente idosos, mas já chega de forma significativa em jovens; Redes Sociais, que fomentam a comparação e o julgamento; Relação com Tempo e Espaço, ou imediatismo e vontade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo; Insegurança, ou a instabilidade do mundo BANI (Frágil, ansioso, não linear e incompreensível, da sigla em inglês); Irrelevância, ou reforço de relacionamentos superficiais; e Ansiedade de Performar, relacionada à necessidade de sucesso.

A partir destes espectros, o que defendemos é a formação de educadores com foco em questões socioemocionais, em como isso tem atingido todo o corpo docente e administrativo das escolas, o prejuízo e impacto de tudo isso na aprendizagem, baseado nos princípios trazidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), norma que guia o ensino brasileiro. E o Unicef, a partir de outra pesquisa, vislumbrou o que chamou de “Segunda Janela de Oportunidade” sobre educação socioemocional, ou seja, uma nova oportunidade de recuperar o que foi perdido e avançar.

Valdinei Valério, presidente do Instituto Promover – Iphac

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