O Brasil se prepara para receber, em novembro, o encontro do G20, ou Grupo dos 20, um fórum de cooperação internacional que reúne os principais líderes mundiais, com o objetivo de fortalecer políticas de desenvolvimento socioeconômico global, com integração entre as nações.
Entre um encontro e outro do G20, as discussões nunca param. E um conjunto de ações está sempre em pauta, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com foco em reduzir desigualdades, preservar o meio ambiente e desenvolver ações responsáveis em diversas áreas.
Mas até que ponto esses 17 objetivos estão realmente em evolução? Podemos começar pelo número 1, Erradicação da Pobreza. No Brasil, a desigualdade social cresceu nos últimos anos. No mundo, o que vemos no pós-pandemia também é o aumento da pobreza. Ou seja, o primeiro objetivo já é um fracasso palpável.
E junto com ele, podemos acrescentar o número 2, Fome Zero e Agricultura Sustentável, o 10, Redução das Desigualdades e o 11, que trata de Cidades e Comunidades Sustentáveis. Todos sem resultados satisfatórios. No Brasil, atualmente, a Organização da Nações Unidades (ONU), responsável pela gestão dos ODS, tentam implementar 241 atividades-chaves no país.
Destas 241, a ONU considera que 128 foram realmente implementadas. Mas ao detalharmos quais seriam essas ações concretas, vemos que a realidade ainda está muito distante da teoria. Vejamos esses exemplos: proteção dos direitos de mulheres indígenas; eliminação da AIDS como um problema de saúde pública; efetiva participação das mulheres na polícia; política nacional de segurança alimentar consolidada.
Quais destas ações, pensando apenas no Brasil, podemos considerar que são um sucesso? Arrisco dizer que nenhuma delas. E onde está o erro? Muito vem da pouca implementação do que é discutido nos fóruns anuais do G20. Relatórios, cartas de intenção, acordos globais, todos em papeis e documentos assinados por todos, mas ainda distantes da realidade dos países e das capacidades reais de colocar em prática.
Como representante de uma entidade da sociedade civil organizada, sempre defendo que o envolvimento das instituições que trabalham diretamente com as comunidades, além das ações oficiais dos governos, é o caminho para que estes 17 objetivos e outros mais possam se tornar realidade e, efetivamente, ajudar no avanço da sociedade.
Enquanto os ODS, como Educação de Qualidade, Igualdade de Gênero, Trabalho Decente, Vida na Terra, Paz Justiça e Instituições Eficazes forem apenas títulos bonitos para ações que não alcançam seu objetivo principal, que é o de mudar a vida das pessoas, esses encontros não passarão de prestação de contas à sociedade e à mídia que cobra efetividade das ações e não apenas discursos.
Valdinei Valério – Presidente do Instituto Promover – Iphac