TV IPHAC debate Educação em Tempo Integral

A mais recente edição do podcast da TV IPHAC trouxe um debate essencial sobre o futuro da educação pública no Brasil. Sob a condução do presidente do Instituto Promover (IPHAC), Valdinei Valério, o entrevistado da vez foi o professor Manoel Barbosa — pedagogo, mestre em financiamento da educação e especialista em gestão de redes. Ele lidera a empresa Ideia e coordena o projeto de educação em tempo integral implementado em Luziânia (GO).

Durante a conversa, Manoel apresentou um panorama claro e aprofundado sobre o conceito de educação integral, diferenciando-o da chamada educação em tempo integral, que muitas vezes gera confusão entre gestores e profissionais da educação.

De acordo com o professor, a educação integral busca formar o ser humano em sua totalidade. Vai além da aprendizagem de conteúdos tradicionais, incorporando competências socioemocionais, esportivas, culturais e práticas. Para isso, o tempo integral é uma estratégia que permite ampliar as oportunidades educativas por meio de oficinas e atividades diversas.

“A educação integral não significa duplicar as aulas de matemática ou português. Podemos ensinar essas disciplinas de forma interdisciplinar, com teatro, xadrez ou práticas ambientais, por exemplo”, explica Manoel.

Mais tempo, mais qualidade e mais recursos

A implementação da educação em tempo integral impacta diretamente na melhoria dos indicadores educacionais e no aumento dos recursos financeiros que os municípios recebem. Isso ocorre porque o número de matrículas em tempo integral altera o valor repassado pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), que considera ponderações diferenciadas para cada tipo de matrícula.

“Ao ampliar o tempo de permanência dos alunos na escola, o município não só melhora o aprendizado, como também aumenta o repasse de verbas, podendo chegar a um crescimento de até 60% nos recursos do FUNDEB em um único ano”, afirma o coordenador.

Soluções práticas e adaptáveis aos municípios

O IPHAC, junto ao professor Manoel Barbosa, tem apresentado uma solução inovadora e eficiente para os municípios que desejam implantar o modelo de tempo integral, mesmo com restrições orçamentárias e operacionais.

A proposta permite o uso dos recursos de custeio enviados pelo MEC, viabilizando a contratação de profissionais, aquisição de materiais e estruturação de atividades pedagógicas sem comprometer o limite da folha de pagamento. O diferencial do projeto está na personalização das ações, respeitando a realidade e a vocação de cada localidade.

“Em Hidrolândia, por exemplo, incluímos práticas circenses como oficina educativa. Já em outra cidade, aproveitamos as Cavalhadas como atividade cultural e pedagógica. Cada projeto tem a cara da cidade e é feito com a participação da Secretaria de Educação local”, destaca.

Todo o projeto se ancora na Resolução CNE nº 7/2010, que estabelece diretrizes para a educação em tempo integral e permite a realização de atividades dentro ou fora da escola — desde que tenham intencionalidade pedagógica e estejam alinhadas à BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

Atualmente, o projeto coordenado por Manoel Barbosa está presente em mais de 30 cidades, distribuídas entre os estados de Goiás, São Paulo e Sergipe. Em Luziânia (GO), já são mais de 2.400 alunos atendidos.

Cidades ainda podem utilizar recursos disponíveis

Segundo dados apresentados no podcast, mais de R$ 2 bilhões em recursos do programa federal de educação em tempo integral seguem parados nas contas dos municípios, muitas vezes por desconhecimento técnico e falta de planejamento.

O IPHAC e sua equipe oferecem um pacote completo de suporte: elaboração de planos de aula, documentos normativos, capacitação de monitores e acompanhamento pedagógico, com relatórios detalhados e indicadores de desempenho.

“O município tem até 31 de outubro para executar esses recursos. Devolver verba da educação em um país carente de boas práticas pedagógicas é inadmissível”, alerta Valdinei Valério.

Caminho para o futuro

A expectativa, conforme destacaram os participantes, é de que a escola parcial desapareça nos próximos anos. O modelo de tempo integral tende a se consolidar como norma no Brasil, assim como já ocorre em outros países da América Latina.

“Estamos falando de um ciclo virtuoso: o aluno aprende mais, o município recebe mais, a economia local se fortalece e toda a sociedade se beneficia”, conclui Manoel.


Assista ao podcast completo no canal da TV IPHAC no YouTube: 👉 Educação em tempo integral com Manoel Barbosa

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