Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Iphac ressalta o papel da aprendizagem diante deste cenário
Uma pesquisa com adolescentes e jovens em 21 países, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Gallup, mostrou que eles passaram a ter mais problemas com a saúde mental durante a pandemia.
Em média, um em cada cinco adolescentes e jovens de 15 a 24 anos, um percentual de 19% do universo pesquisado, sente-se deprimido ou tem pouco interesse em fazer algo. Foram entrevistadas aproximadamente 20 mil pessoas, por telefone. O Brasil ficou em 8º lugar no ranking, com um índice acima da média: 22% dos pesquisados.
Para o presidente do Iphac – Instituto Promover, Valdinei Valério, que trabalha com adolescentes e jovens, o resultado é preocupante. Segundo ele, o jovem vulnerável, que foi o mais afetado pela pandemia, fica desmotivado, não recebe a atenção necessária dos programas de saúde pública e, infelizmente, um dos resultados é o abandono da escola.
Aprendizagem e trabalho
De acordo com Valdinei, programas de aprendizagem e inserção no mercado de trabalho caminham juntos. “Não dá para desassociar um do outro. Quando a saúde mental do jovem é afetada, porque a situação financeira está difícil, ele abandona a escola por falta de perspectiva para se tornar mais um número no índice de mão-de-obra informal”, analisa o presidente do instituto.
Ele ainda lembra que os jovens que vivenciaram a perda de algum familiar durante a crise sanitária, sofrem ainda mais, pois talvez nem tiveram a oportunidade de compreender o luto e precisam, a qualquer custo, seguir em frente, porque são jovens e não podem perder tempo.
De acordo com Valdinei, a pressão é muito grande em cima desse grupo e a devolutiva não é na mesma proporção. “O jovem precisa estar na escola, precisa começar a trabalhar, precisa gerar renda. Isso é um fato. Mas ele também precisa de acompanhamento psicológico na escola, no postinho de saúde perto de casa. Ele precisa se sentir seguro para continuar seguindo em frente”, analisa.
Valdinei acredita que é preciso quebrar o silêncio imposto sobre o tema saúde mental. “Pais, professores, familiares e toda a sociedade devem começar a tratar o assunto com a devida seriedade. Quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio a cada ano e esse tabu deve ser quebrado. É preciso levar a sério as experiências dos jovens”, conclui o presidente do Iphac.